.jpg)
Na década de 1920, Florianópolis era uma cidade pacata e possuía apenas três centros espíritas funcionando regularmente: O Centro Espírita Amor e Humildade do Apóstolo, a Federação Espírita Catharinense (que depois trocou o nome para Associação Espírita Fé e Caridade) e o Centro Espírita Santo Antônio de Pádua, inicialmente denominado de Centro Espírita Templo de Amor e Caridade, fundado por Juvêncio de Araújo Figueredo, em Coqueiros (registros do CRE-1).
Além destes Centros, existiam ainda vários pequenos grupos que funcionavam em casas particulares.
A Vila da Santíssima Trindade, hoje simplesmente Bairro da Trindade, na época, era praticamente isolada do Centro da Capital. Era conhecida como “Atrás do Morro” (pois o bairro fica, de fato, em relação ao Centro da cidade, do outro lado do Morro do Antão ou Morro da Cruz) e para chegar-se lá era uma viagem.
Outra curiosidade em relação à Vila é o próprio nome, denotando a profunda influência católica nas origens do Bairro.
Imagina-se, então, que dificuldades não tiveram os fundadores do Centro Espírita naquela região, principalmente numa época em que a intolerância religiosa em relação ao Espiritismo era muito forte. Não foram poucos os apedrejamentos verificados nos telhados das primeiras casas espíritas da cidade.
De acordo com registros do Conselho Regional Espírita 1 – CRE 1 -, em 6 de junho de 1927 — exatamente dois meses após o desencarne de Juvêncio de Araújo Figueredo — era fundado mais um Centro Espírita na Capital: A Associação Espírita Luz e Caridade, no Sub-Distrito da Trindade. É essa a data que também figura na Ata de fundação e no Estatuto do CELC.
Segundo informa o Calendário Espírita da Federação Espírita Catarinense de 2004, este CENTRO ESPÍRITA seria o sétimo (7º) Centro Espírita fundado em Santa Catarina. Antes deste foram fundados: o CENTRO ESPÍRITA CARIDADE DE JESUS, em 1895, em São Francisco do Sul; o CENTRO ESPÍRITA FÉ, AMOR E CARIDADE, em 1909, em Laguna; o CENTRO ESPÍRITA AMOR E HUMILDADE DO APÓSTOLO, EM 1910, em Florianópolis; o CENTRO ESPÍRITA JESUS DE NAZARETH, em 1915, em Itaiópolis; a ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA FÉ E CARIDADE, em 1916, em Florianópolis; e o CENTRO ESPÍRITA ALLAN KARDEK, em 1924, em Laguna.
O CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE seria, pois, segundo registros da Federação Espírita Catarinense, o 3º mais antigo da Capital, e o 7º mais antigo do Estado de Santa Catarina.
Foram seus fundadores: Torquato Antônio Calvet, Antônio Sebastião Ferreira — que foi um trabalhador incansável daquela seara — Mariel Alexandre de Souza, Maria do Carmo Ferreira, José Ferreira Marques, José de Paulo Mafra, Athanásio da Rocha Linhares e Theodoro Vieira.
A ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE teve como sede o local onde hoje se encontra instalada, se traduzindo em uma “entidade civil, sem fins lucrativos, com personalidade jurídica e objetivos filantrópicos, beneficentes, educacionais, religiosos e de recuperação física e espiritual do homem, pelo estudo e prática do Espiritismo Cristão”.
As dificuldades eram muito grandes e o Centro passou por várias fases. Mesmo assim não faltaram valorosos colaboradores, alguns lembrados apenas por seus primeiros nomes, como o Sr. Manoel, Valdomiro Costa e sua esposa D. Bicotinha (ele era irmão da D. Leonísia, que até a sua morte em 2022, foi seareira deste Centro), o Sr. Aldo Nunes, o Sr. Lindolfo Luz, D. Cidolina e D. Geni Linhares, que asseguraram a consolidação da Instituição.
O Centro Espírita Luz e Caridade foi uma das casas signatárias da fundação da Federação Espírita Catarinense, em 1945, cabendo-lhe a indicação do irmão Antônio Sebastião Ferreira no cargo de tesoureiro adjunto da FEC. A filiação aconteceu em 15 de fevereiro de 1952, por ato do Conselho Federativo Estadual (informações do CRE-1), cujo Certificado de Filiação foi assinado pelo então Presidente da Fedeação Espírita Catarinense, Osvaldo Melo.
Em 1973, o Centro passava por dificuldades. O CRE-1, na época presidido pelo irmão Avelino Alves, designou então o confrade Frederico Platt, que presidia o Grupo Espírita Dr. Frederico Rolla, para dirigir os destinos daquela casa (foi Presidente do CELC até 06.06.2008, quando ainda permaneceu na diretoria como Vice-Presidente – o CELC agora é dirigido por um Órgão Colegiado de Administração).
Nova equipe se formou, reestruturando o Centro e as atividades em três grandes áreas: Doutrinária (abrangendo reuniões públicas de exposição, reuniões de estudo e reuniões Mediúnicas), Infância e Juventude e Assistência Social.
No ano de 1975, teve alterado o seu Estatuto Social, passando a se denominar CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE, sociedade civil, mantendo, porém, os seus objetivos.
Em 1976, obteve a declaração de utilidade pública, pela Lei Municipal nº 1.426, de 11 de maio daquele ano.
No ano de 2003, em face de Assembléia Geral realizada no dia 28 de agosto, teve reformado o seu Estatuto, que manteve os mesmos objetivos, alterando, porém a sua denominação, que passou a ser ASSOCIAÇÃO CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE, porém, em 2004, retornou ao nome de Centro Espírita Luz e Caridade, adequando-se às exigências do novo Código Civil Brasileiro.
O terreno sobre o qual está erigida a sua sede foi objeto de doação, feita logo após a fundação da ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE, por JOSÉ FERREIRA MARQUES e sua mulher JÚLIA MARIA FERREIRA (ainda freqüenta o Centro a filha dos doadores, Maria do Carmo Ferreira Costa), cuja Escritura Pública foi lavrada no Cartório de Paz do Distrito da Trindade no dia 21 de janeiro de 1930. A doação foi recebida pelo então Presidente da ASSOCIAÇÃO, o irmão MARIEL ALEXANDRE DE SOUZA. E, consta da Escritura, que sobre “o terreno está edificado um chalet, pertencente a mesma associação...”
O “chalet”, anunciado na Escritura Pública de janeiro de 1930 resistiu muito, tendo passado por algumas adaptações e reformas, mas o tempo lhe foi implacável. Via-se ele sucumbindo pelos desgastes naturais da matéria.
Um sonho pairava no peito dos seareiros deste Centro Espírita, freado por uma realidade: a impossibilidade de se reformá-lo ou se reconstruí-lo, ante a absoluta falta de recursos financeiros. Foram, chás, cafés, risotos, sob o comando firme dos irmãos Osório e Cleci; foram contribuições dos seareiros, dentro das possibilidades de cada um, que permitiram chegar-se ao final de 2003 com pouco mais de R$ 18.000,00 em caixa.
Foi aí que aconteceu a grande decisão, a de se dar início às obras. Certamente ANESTESIADOS pela Espiritualidade Maior que já tinha planejado os contornos da obra, para que não se conseguisse dimensionar, com a frieza material, as conseqüências daquela decisão, em face dos parcos recursos financeiros que se tinha à disposição.
No dia 12 de janeiro de 2004, por volta das 08.00 horas, se iniciavam os trabalhos para a reforma ou reconstrução, ainda não se sabia. Sem projeto definitivo, a Comissão que ficara constituída no dia 08 de janeiro deste ano, na pessoa dos seareiros Claudinei Martins, Antenor Chinato Ribeiro, Mário César Machado e Osório Beltrame, passou a pedir a colaboração dos seareiros e de amigos pessoais, para levar adiante a obra, obviamente, ainda anestisiados e conduzidos pela Espiritualidade Maior.
Surge, então, ao lado de seareira Associada Fundadora desta Instituição, uma abnegada irmã, que para missão de tal envergadura fora reservada pela Mão do Senhor, que nos garantiu conseguir recursos para que fosse erigida uma laje, no lugar de um forro comum, para dar mais solidez à obra. E bondoso irmão não faltou a prover os recursos necessários. Essa irmã passou a se revestir de verdadeira Madrinha para os membros da Comissão, e para este Centro Espírita, pois prosseguiu em campanha, junto a parentes e amigos seus, conseguindo arregimentar mais da metade dos recursos financeiros que precisamos para deixar esta Casa tão bem construída.
Apareceu também, pela Mão do Arquiteto Maior, o projetista que elaborou e doou os projetos definitivos da obra, custeando a sua legalização e fazendo ainda doação em dinheiro para outros serviços.
Não faltaram os seareiros associados que doaram o que podiam e até mais, como a viúva com o seu óbulo, e que conseguiram, através de amigos, outras doações para o nosso mister. Ou aqueles que guardaram nas suas casas os pertences deste Centro, até se privando de espaços físicos para tanto. Ou ainda aqueles que se dedicaram horas, dias e até meses de trabalho, para que tudo ficasse pronto para este Dia.
No dia, em que se comemorava o septuagésimo sétimo aniversário deste Centro, O Presidente do CELC apresenta para os associados e à comunidade a Casa reconstruída, completamente lotada, e com a presença do então Presidente do Conselho regional Espírita 1 - CRE 1 -, Alexandre Chambarelli, além de muitos confrades de outras Instituições Espíritas.
Rescentia-se, ainda, o CELC, de espaço para atendeimentos à Infância e Juventude, Berçário, Benemerência, Artesanato, Estudos, Atendimento Fraterno, Biblioteca, Administração e para ampliar as Atividades Mediúnicas. Foi assim que, em 2010 eregiu um sobrado sobre a sua casa sede, que restou inaugurado no dia em que completava o seu octagésimo terceiro aniversário.
.....................................................................
(O histórico acima está baseado em pesquisa nos registros encontrados no CELC – Escritura Pública, Atas e cópia de Estatuto -, na FEC e no CRE-1, sendo ouvidos os associados fundadores ainda remanescentes – são associados fundadores, por força do estatuto, aqueles que compunham a Associação Espírita Luz e Caridade quando se filiou a FEC, em 1952).
------
Baixe aqui o estatuto do CELC.
Baixe aqui o Regimento Interno do CELC.