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A importância da Evangelização


A importância da Evangelização

 

Hoje, a criança ─ abençoado solo arroteado que aguarda a semente da fertilidade e da vida ─, necessariamente atendida pela caridade libertadora do Evangelho de Jesus, nas bases em que a Codificação Kardequiana o restaurou, é o celeiro farto de esperanças para o futuro.

Criança que se evangeliza ─ adulto que se levanta no rumo da felicidade porvindoura.

Toda aplicação de amor, no campo da educação evangélica, visando a alma em trânsito pela infância corporal, é valiosa semeadura de luz que se multiplicará em resultados de mil por um...

Ninguém pode empreender tarefas nobilitantes, com as vistas voltadas para a Era Melhor da Humanidade, sem vigoroso empenho na educação evangélica da criança.

Embora seja ela um Espírito em recomeço de tarefas, reeducando-se, não raro, sob os impositivos da dor em processo de caridosa lapidação, a oportunidade surge hoje como desafio e promessa de paz para o futuro. Sabendo que a infância é ensejo superior de aprendizagem e fixação, cabe-nos o relevante mister de proteger, amparar e, sobretudo, conduzir as gerações novas no rumo do Cristo.

Esse cometimento-desafio é-nos grave empresa por estarmos conscientizados de que o corpo é concessão temporária e a jornada física um corredor por onde se transita, entrando-se pela porta do berço e saindo-se pela do túmulo, na direção da Vida Verdadeira.

A criança, à luz da Psicologia, não é mais o “adulto em miniatura”, nem a vida orgânica pode continuar representando a realidade única, face às descobertas das modernas ciências da alma.

Ao Espiritismo, que antecipou as conquistas do conhecimento, graças à Revelação dos Imortais, compete o superior ministério de preparar o futuro ditoso da Terra, evangelizando a infância e a juventude do presente.

Em tal esforço, apliquemos os contributos da mente e do sentimento, recordando o Senhor quando  solicitou que deixassem ir a Ele as criancinhas, a fim de nelas plasmar, desde então, mais facilmente e  com segurança, o ”reino de Deus” que viera instaurar na Terra. (Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco em 18 de janeiro de 1978 no Centro Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador-BA e publicada na revista Reformador, FEB, junho de 1978).

 

A Infância representa relevante fase do desenvolvimento humano, caracterizada por processos formativos essenciais à evolução do Espírito encarnado. Herdeiro da própria história e agente de transformação, o Espírito na fase infantil encontra-se em nova oportunidade reencarnatória, contando com a organização biológica, familiar e social necessárias ao seu processo de aprimoramento, zelosamente planejada e acompanhada por Benfeitores Espirituais.

Nesse período dinâmico e estruturante na formação do ser, a criança encontra-se receptiva a novas aprendizagens e em pleno desenvolvimento nas dimensões biológica, psicológica, emocional, social e espiritual, enriquecendo-se com as experiências dos contextos socioculturais e enriquecendo-os com suas percepções, experiências pessoais, construídas ao longo de suas múltiplas existências. O processo bidirecional de aprendizagem e desenvolvimento ressalta o papel ativo do ser humano, que aprende e ensina desde a tenra idade, convidando-nos ao adequado investimento e à apresentação de referenciais edificantes, de modo a contribuir para o seu êxito reencarnatório.

Considerando que “os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Q. 385) e que “a educação constitui [...] a chave do progresso moral” (Id. Ibid., comentário da questão 917), vê-se a grave e impostergável responsabilidade de conduzi-los pela senda do bem, favorecendo-lhes o exercício do autoconhecimento, da reforma íntima, do aprendizado e da vivência da Lei do Amor.

No campo da Educação formal, a preocupação com a formação integral do ser humano vem merecendo destaque, em especial após a consolidação do Relatório Delors (1996), elaborado por especialistas da educação, filósofos e decididores políticos de todas as regiões do mundo que integraram a Comissão Internacional da UNESCO sobre a Educação para o século XXI. Tal relatório apresenta quatro pilares educacionais, amplamente difundidos na esfera educacional, que contemplam a necessidade do aprender a aprender, do aprender a fazer, do aprender a conviver e do aprender a ser, perspectiva que supera o legado intelectualista e fragmentado do ser e passa a considerar a visão integral das aprendizagens que o constituem, fortalecendo a interação dos saberes e práticas, da convivência e da formação da personalidade.

Sob tal perspectiva, para além da “aquisição de conhecimento”, a Educação passa a ser concebida como um processo formativo de valores e atitudes em favor da paz, da compreensão internacional, da cooperação, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais (Gomes, 2001), sendo apresentada como “a chave do desenvolvimento sustentável, da paz e da estabilidade no seio dos países e no mundo” (UNESCO, 2003).

Tais considerações estão em harmonia com a questão 917 de O Livro dos Espíritos (Cap. XII, Da perfeição moral), em que os espíritos ressaltam que é pela educação que se dará a melhoria do homem, mas “não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem”. Tal a tarefa que nos compete realizar.

No campo religioso, as instituições espíritas, alinhadas aos propósitos de promover o estudo, a prática e  a difusão da Doutrina Espírita, têm-se empenhado em implantar e implementar ações junto à infância, de modo  a favorecer espaços de estudo doutrinário, vivência evangélica e confraternização, em consonância com o alerta  de Bezerra de Menezes (1982, Sublime Sementeira, FEB, 2012):

Considerando-se, naturalmente, a criança como o porvir acenando-nos agora, e o jovem como o adulto de amanhã, não podemos, sem graves comprometimentos espirituais, sonegar-lhes a educação, as luzes do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo, fazendo brilhar em seus corações as excelências das lições do excelso Mestre com vistas à transformação das sociedades em uma nova Humanidade.

A ação evangelizadora, inspirada na formação integral da criança, contempla o conhecimento doutrinário, o aprimoramento moral e a transformação social, tendo como finalidade a vivência da máxima do Cristo – o Amor a Deus, ao próximo e a si -, e como objetivo primordial a formação do Homem de Bem. O êxito da tarefa vincula-se aos esforços empreendidos na qualidade doutrinária, relacional, pedagógica e organizacional que perpassam as ações desenvolvidas pelos inúmeros e dedicados evangelizadores nos diferentes rincões do País.

Mediante a relevância e seriedade da tarefa, Joanna de Ângelis (FRANCO, 1978) convida-nos ao  exercício do planejamento, enfatizando:

Nas atividades cristãs que a Doutrina Espírita desdobra, o servidor é sempre convidado a um trabalho eficiente, pois a realização não deve ser temporária nem precipitada, mas de molde a atender com segurança. [...]

Planejar-agindo é servir-construindo. [...]

                              Planifica tudo o que possas fazer e que esteja ao teu alcance.

 

Frente a essas reflexões, somos instados ao exercício de planejar as ações evangelizadoras junto às crianças, organizando subsídios e diretrizes que favoreçam sua implantação e implementação de forma efetiva, primando por sua qualidade crescente (FEB, 2015, p. 17-19).